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Quando foi publicada esta edição pela Guerra e Paz senti imediatamente que precisava de ter este livro. Não o li em adolescente, mas pareceu-me que ainda não era tarde de mais para o fazer, até porque este livro está incluído no projecto 1001 Livros para Ler Antes de Morrer. Até agora está a ser uma leitura muito agradável e parece que se criou um clima perfeito entre este livro, Gilmore Girls, o tempo de Dezembro, convidativo a mantas, sofá e bebidas quentes, e a chegada do Natal. Não podia ter escolhido melhor altura.
Julgo que o livro dispensa apresentações, mas aqui vai: quatro irmãs e a mãe passam por tempos complicados devido à partida do pai para a guerra e ao aparecimento de dificuldades económicas. Estou a gostar particularmente da relação entre as irmãs, cada uma com as suas características muito próprias, mas que se adoram e entreajudam de forma espantosa, mostrando uma união muito forte e estou certa de que esta se tornará ainda mais evidente com o avançar do livro.
A Letra Encarnada é a obra principal de Nathaniel Hawthorne e está incluída no projecto 1001 livros para ler antes de morrer. Esta edição em particular foi traduzida por Fernando Pessoa, o que torna esta leitura duplamente interessante.
Adorei o prefácio, que fala mais de Pessoa e dos motivos que poderão ter estado na origem desta sua tradução, do que da obra em si, mas foi um suplício ler a introdução de Hawthorne a este livro. Li-a na ânsia de poder chegar à obra propriamente dita, mal suportando o aborrecimento que estava a produzir em mim (ainda não percebi se é realmente aborrecida ou se eu é que não estava com a disposição indicada para a ler). Felizmente cheguei ao seu final e, na página 81, pude finalmente começar a ler esta aclamada obra.
Após as dúvidas iniciais, sustentadas essencialmente pela interminável introdução, posso agora afirmar que estou a desfrutar bastante da sua leitura. É muito especial a forma como Hawthorne descreve a situação em que se encontra Hester Prynne, condenada, devido a adultério, a ter de usar a letra A, feita de tecido encarnado, pregada à sua roupa, sobre o peito, e tudo o que se segue a esta condenação e exposição em praça pública, sendo depois libertada com a sua filha, Pearl, nascida da relação adúltera que Hester teve com um homem, até ao momento desconhecido. Estou ansiosa por saber o que se segue e como vai desenvolver-se esta relação de mãe e filha.
Os meus últimos dias têm sido muito preenchidos, mas felizmente consegui tirar uns momentos para começar mais um livro para o projecto Ler os Nossos. Desta vez, um livro de Teresa Veiga, também uma estreia nas minhas leituras como Isabela Figueiredo, com um título absolutamente fantástico e magnético que já queria ler há alguns meses, mas que demorou a fazer parte da biblioteca cá de casa.
Trata-se de um livro de contos, género literário com o qual tenho uma relação de amor-ódio. Ou me identifico muito pouco com o conto e acaba por me ser indiferente, ou adoro-o de paixão, mas o final deixa-me um sabor agridoce de "não pode ser só isto, preciso de mais". Após ter lido quatro contos, devo confessar que ainda não me apaixonei perdidamente por nenhum, mas tenho de reconhecer que Teresa Veiga escreve magistralmente bem. A sua escrita é bela, majestosa, magnífica, um tesouro para os olhos de qualquer leitor, quero crer. Estou muito curiosa com a leitura dos próximos contos, e desejo sinceramente que pelo menos um me enlouqueça de amor, não fosse eu melancolicamente louca.
Este foi, para mim, o típico livro que, assim que começam a surgir notícias divulgando a sua sinopse e anunciando que o seu lançamento está para breve, sinto de imediato a necessidade de o ter nas minhas mãos, de saborear a sua escrita, os seus detalhes, adivinhando que será um pequeno tesouro num oceano vasto de obras e escritores. Comprei-o no fim-de-semana passado e comecei a ler esta semana para o projecto Ler os Nossos e para o desafio #leiamulheres de que tanto gosto.
Após mais de 100 páginas lidas, posso afirmar que está a corresponder às expectativas. Isabela Figueiredo escreve de uma forma muito crua, penso que seja este o termo mais adequado, algo que sinto falta de ler mais vezes. Maria Luísa dá a voz a este romance, onde narra a sua vida, começando por nos apresentar a porta de entrada (presente), após ter feito uma gastrectomia que a fez perder quarenta quilos. Deixou de ser gorda, portanto. Depois de feitas as apresentações, prossegue para as restantes divisões da sua casa (literalmente) recuando no tempo, para 1975, quando veio de Moçambique, sem os pais, estudar para um colégio na Lourinhã e seguindo daí em diante. Maria Luísa mostra-nos que, apesar de ser gorda e ter sofrido com isso, era muito mais do que um mero adjectivo. Estou a lê-lo devagarinho, de modo a desfrutar de todos os seus pormenores.
Sem escrita não havia uma casa onde chegar, tirar o casaco, pendurá-lo, acarinhar a cadela, levá-la à rua, regressar, alimentá-la, sentar-me no sofá e apreciar o gesto. Podia viver sem tomar banho, sem beijos, mas sem escrita não. Ninguém entendia isto, e viravam-me as costas como se referisse uma mania, um vício de gente abastada que se pode dar a luxos. "Estás maluca."
O primeiro impacto com esta obra de ficção de Herberto Helder não foi tão bonito como imaginei. Estava com algum receio, confesso, mas não esperava ficar completamente à deriva nos três primeiros capítulos.
Três curtos capítulos, para mim, tão complexos de decifrar. Tive de reler constantemente diversas frases, parágrafos, diálogos, em busca de um sentido, a maioria das vezes em vão. Comecei a sentir um ligeiro receio de que o livro fosse todo assim, não tencionava desistir, mas adivinhava uma constante luta que me impossibilitaria de desfrutar da leitura.
Passei, quase que instantaneamente, a uma fase de tristeza imensa porque, provavelmente, deveria ser um problema meu. Contudo, eis que ao quarto capítulo a magia acontece. No quinto e no sexto, continua a espalhar-se. Uma mudança subtil e, ao mesmo tempo, tão dramática, que preciso de ler desesperadamente os próximos. Isso e rezar para que não volte a tornar-se num conceito abstrato, de onde não lhe consiga desvendar um sentido, nem que seja só meu.
Comecei a ler ontem e já tenho uma boa quantidade de anotações que quero muito partilhar. Há já algum tempo que queria ler um livro de viagens e esta edição de capa dura da Tinta-da-China, que faz parte da biblioteca cá de casa, e que já me havia sido recomendada variadíssimas vezes, estava debaixo de olho. Em primeiro lugar, por ser uma edição tão bonita e cuidada, como a Tinta-da-China nos tem habituado sempre (deixo um link para a colecção de Viagens), em segundo, por ser sobre a Índia. É um país tão fértil nos mais variados aspectos que me faz sentir que será impossível que este livro me desiluda. Abaixo deixo dois excertos da introdução.
A Europa não é religiosa.
É o quê, a Europa?
(...) Como indiano, dir-te-ia: a Europa, aquele continente onde o homem está convencido de que existe e de que se encontra no centro do mundo, e onde o passado se chama história, e a acção é preferida à contemplação; a Europa onde comummente se crê que a vida vale a pena ser vivida, e onde o sujeito e o objecto convivem em boa harmonia, e duas ilusões como a ciência e a política são levadas a sério e a realidade nada esconde, e no entanto, apesar disso, é nada; o que tem a Europa a ver com a religião?
(...) a religião é a gruta de Elephanta, próximo de Bombaim, ao fundo da qual está esculpida em alto-relevo a efígie de Xiva. Esta escultura tem algumas características particulares, graças às quais se pode, com razão, apontá-la como a melhor descrição daquilo a que eu chamo a Índia, ou seja, a religião. (...) É gigantesca, ou seja, ultrapassa a estatura humana; reduz-se apenas à cabeça, ou seja, é obcecante; é multíplice, ou seja, omnipresente. Mas, sobretudo, representa Deus, não como homem, que é o modo europeu de o representar, mas como Deus. (...) Deus é pingue, de meia idade, tem o lábio inferior cheio e pesado, a fronte alta, o queixo gordo, as orelhas grandes. Por outras palavras, a representação de Deus não é idealizada, como na Europa, mas realista.