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Ainda não tinha tido oportunidade de ver este filme, que esteve nomeado para o Óscar de melhor filme estrangeiro em 2016, mas como ficou disponível recentemente na plataforma Filmin aproveitei para colmatar esta falha, uma vez que já tinha ouvido falar maravilhas. Cereja no topo do bolo: realizado por uma mulher, Deniz Gamze Ergüven.
Confirma-se, é um filme da maior importância, que nos transporta para o íntimo destas cinco irmãs orfãs que vivem numa pequena vila da Turquia e que, por terem sido vistas a brincar inocentemente numa praia com rapazes, escandalizam os seus guardiões (avó e tio) devido à alegada imoralidade dos seus actos. Tal dá origem a que estas sejam aprisionadas em casa durante o Verão (e daí por diante) e que comecem a ser arranjados os seus casamentos.
Apesar da imensa tristeza que este filme nos traz à medida que se vai desenrolando, Mustang é incrivelmente belo, tem uma edição e uma fotografia maravilhosas e faz-nos torcer por estas miúdas até ao fim, em especial por Lale, a mais nova das cinco irmãs. Se ainda não viram, não percam mais tempo.
Pontuação: 10/10
Começo a notar uma certa tendência minha para gostar de filmes baseados em histórias reais. Fico, de imediato, emocionada quando aparecem imagens ou testemunhos das pessoas retratadas nos filmes, quando aparecem aquelas frases finais a explicar o que aconteceu depois (aqui já estou a chorar quase compulsivamente).
Loving é uma bonita história de amor inter-racial que foi fundamental para quebrar as barreiras do matrimónio entre casais de raças diferentes nos Estados Unidos, dado que deu a origem a uma guerra legal que terminou na Suprema Corte. Gostei bastante da interpretação de Ruth Negga que encarnou Mildred de uma forma soberba, uma mulher calma, ponderada e esperançosa de que podia não vencer algumas batalhas, mas que a guerra acabaria por ser, por fim, vencida. Temas como este continuam a ser pertinentes actualmente, essencialmente para percebermos que não foi há tanto tempo assim que existiram este tipo de preconceitos e de quão difícil foi lutar para ultrapassá-los. Filmes como Loving são fundamentais para não voltarmos a cair nos mesmos erros, ou, pelo menos, assim o espero.
Pontuação: 8/10
A primeira metade de Fences é um pouco "morna", a história é um tanto ou quanto banal, a acção é muito reduzida, quase nula, e senti pouca empatia com Troy (Denzel Washington) e com Rose (Viola Davis). Já começava a sentir que seria penoso ver este filme até ao final, perguntando-me sobre o que poderia acontecer (de interessante) na segunda metade.
Depois de uma revelação que não se pode considerar totalmente inesperada tendo em conta as pistas lançadas ao longo da primeira parte, Fences melhora consideravelmente graças à magnífica interpretação de Viola Davis (que merece, sem dúvida, o Óscar de melhor actriz secundária), que se torna, no meu entender, a alma de Fences. O filme torna-se de tal modo intenso que nos agarra por completo: queremos e precisamos de saber como vai terminar esta história. A segunda parte compensa sobretudo porque explora muito bem sentimentos como a frustração decorrente de um sonho perdido, a resignação face àquilo que é a nossa vida, a abdicação de determinados sonhos e vontades devido a esta resignação, e, finalmente, a rectidão de carácter, fazer o que está correcto independentemente de quão magoada e despedaçada a pessoa possa estar por dentro.
Pontuação: 7/10
Hell or High Water é um filme tipicamente americano, que se passa no Texas, onde dois irmãos, Tanner, o irmão mais velho que saíu há pouco tempo da prisão, e Toby, divorciado e pai de dois rapazes, assaltam uma série de bancos com um determinado propósito. É um filme com pouco mais de uma hora e meia, que se passa em poucos dias, e com um número reduzido de personagens para além dos dois irmãos e dos dois Rangers do Texas que os perseguem, Marcus e Alberto. Este western fez-me lembrar um pouco os livros de Cormac McCarthy o que não deixa de ser notável.
Hell or High Water é muito competente em termos de elenco, realização, fotografia e banda sonora pelo que não devem deixar de o ver. Ainda assim, não mexeu muito comigo.
Pontuação: 7/10
Ah!, finalmente um filme que me enche as medidas e me deixa com um sorriso de orelha a orelha e com os olhos marejados de lágrimas. Um filme que posso realmente dizer que adorei, algo que já não acontecia há bastante tempo. Captain Fantastic ter-me-ia passado completamente ao lado não fosse a sua nomeação para os Óscares de 2017, para a categoria de melhor actor principal (Viggo Mortensen). Não deixa de ser curioso, uma vez que não o destacaria nesta categoria assim à primeira vista, mas consigo compreender.
É um filme fantástico sobre parentalidade, sobre o crescimento, a aprendizagem e a camaradagem, sobre a educação social, cultural, física e alimentar que é considerada normal nos dias de hoje, de um prisma totalmente diferente do que estamos habituados, ou seja, mostra-nos tudo isto através de um exemplo oposto ao habitual actualmente. Contudo, como não poderia deixar de ser, acabamos por perceber que este método não é só feito de coisas boas e que é impossível atingir a perfeição (nada de novo).
Ao longo de Captain Fantastic surgem as mais variadas referências literárias, quer a nível de ficção, como a nível filosófico e político, à medida que nos é apresentada uma visão alternativa do mundo através do olhar de seis crianças/adolescentes e do seu pai. Fez-me rir e chorar, e fez-me recordar, por diversas vezes, o filme Little Miss Sunshine, que tenho de rever em breve. Não deixem de assistir a este magnífico filme.
Pontuação: 10/10
Hacksaw Ridge é um filme que se revela fantástico até para os que não gostam particularmente de filmes de guerra. Este não é só um filme de guerra, apesar de a última metade do filme retratar este tipo de ambiente, é um filme sobre permanecermos fiéis aos nossos princípios, sobre orgulho, sobre dizer não à violência e dizer sim a ajudar os outros, sobre fazer o bem independentemente da pressão do mundo que nos rodeia.
Concordo que seja o típico filme americano onde está implícito constantemente o famoso somos os maiores, contudo, aborda um tema tremendamente pertinente: ser objector de consciência num contexto de guerra. Andrew Garfield está nomeado para o óscar de melhor actor principal, nomeação indiscutivelmente merecida, já que este filme pertence integralmente a Desmond Doss. É praticamente impossível não nos emocionarmos em algumas partes. A cereja no topo do bolo é, precisamente, o final deste filme, onde vemos relatos de alguns dos intervenientes deste filme na realidade, uma vez que se trata de uma história verídica.
Pontuação: 8/10
La La Land é a grande promessa para os Óscares de 2017 e tudo indica que irá arrecadar uns quantos no dia 26 de Fevereiro. Já se disse muito (tanto) sobre este filme que, neste momento, o mundo divide-se entre quem o ama e quem o odeia (e os que ainda não o viram, vá). Uns ficaram maravilhados por recordar os velhos tempos, por voltarem a sonhar, pela magia, romantismo e banda sonora que, no seu conjunto, dão forma a este filme. Outros, à medida que foi ganhando fama e se gerou um enorme buzz à sua volta, colocaram-no imediatamente de lado porque era muito comercial.
Já estava com muita curiosidade para ver este filme há alguns meses, pelo burburinho à sua volta, na época ainda muito reduzido em Portugal. No entanto, o facto de não ser a maior das fãs de musicais sempre me deixou de pé atrás em relação a La La Land. Não era preconceito, era simplesmente algo que, à partida, não ia ao encontro dos meus gostos cinematográficos. Apesar das dúvidas e de toda a controvérsia, decidi que não podia deixar de ir vê-lo ao cinema.
Como já estava à espera, não o considerei soberbo nem maravilhoso, mas achei algumas coisas muito boas. Em primeiro lugar, a banda sonora (que estou a ouvir neste preciso momento) é espectacular, se a ouvirem depois de assistirem ao filme, vão perceber que realmente gostaram de La La Land, vão sentir qualquer coisa no fundo do vosso ser que vos vai fazer saltitar e rodopiar e ter vontade de o voltar a ver. Emma Stone e Ryan Gosling estão muito bem, mas tenho algumas reservas quanto ao facto de merecerem o Óscar de melhor actriz e actor principal, preciso de ver o desempenho dos restantes nomeados. Passando, por momentos, ao ponto que considerei menos bom: a primeira parte. Achei muito fraca, repleta de clichés, lugares comuns, pouco interessante, na minha opinião. Já estava quase a admitir que realmente não havia sido talhada para assistir a musicais, embora já tivesse ouvido dizer que a segunda parte compensava e, sim, realmente, acaba por compensar, em parte.
Por fim, vamos ao mais importante: este filme tem e terá um papel muito importante nos dias de hoje, em que andamos mais conformados e lutamos pouco pelos nossos sonhos, em que nos vemos subjugados por uma crise de identidade, valores, etc. Toda a conjectura política que observamos à nossa volta, todos os nossos receios mais pessoais e profundos, ficam, por momentos, congelados quando assistimos a La La Land e sonhamos com um mundo em que podemos perseguir e lutar pelos nossos sonhos. É essa a principal mensagem de La La Land: não deixem de sonhar. Por isso, todos deviam vê-lo.
Pontuação: 8/10
Um dos meus planos para 2017, como já aqui referi, é alimentar-me de forma saudável todos os dias, retirando a maior parte dos produtos processados que consumia, dando preferência aos alimentos de verdade. Nesse sentido, fiz uma lista de documentários associados a esta temática que estão disponíveis na Netflix para ir vendo, pois servem como uma espécie de lembrete para todos os malefícios dos alimentos carregados de gordura, açúcar, adoçantes, etc.
O primeiro que vi foi Fed Up, que dá bastante destaque ao papel da indústria alimentar na política, impedindo que sejam tomadas medidas contra a obesidade. São absolutamente surreais os argumentos utilizados pelas grandes empresas de bebidas gaseificadas e de alimentos processados, chegando-se ao cúmulo de argumentar que a pasta de tomate das pizzas é um vegetal e, portanto, está tudo bem em servimos pizza nas cantinas das escolas. É focado nos Estados Unidos da América, onde as cantinas têm protocolos com restaurantes de fast food e, simplesmente, deixaram de cozinhar, limitando-se apenas a servir aos alunos pizzas, hambúrgueres, nachos, etc. Cá, ainda não chegámos a este ponto a nível da alimentação escolar, embora esta também não seja das melhores, no entanto, a publicidade abusiva a este género de comidas e bebidas e a quantidade de produtos de má qualidade nutricional que vemos no supermercado afecta-nos cada vez mais.
Para além de nos ser mostrada toda a influência absurda da indústria alimentar na política e na legislação americana, existem também vários testemunhos de crianças americanas que sofrem de obesidade e da luta que têm para emagrecer, sobretudo por motivos de saúde. É incrível a mentalidade daquelas crianças, sustentada pelos pais, que acreditam que comer leite com cereais é uma óptima opção de refeição porque os cereais têm pouca gordura, enquanto vão consumindo açúcar e mais açúcar.
Apesar de o problema da obesidade ainda não ter as mesmas dimensões cá, este documentário é um excelente abre olhos para percebermos realmente o que estamos a dar às crianças e aos jovens (e a nós próprios), e que não basta comer menos e fazer mais exercício, importa muito aquilo que comemos.
Os nomeados para os Óscares serão conhecidos apenas no dia 24 de Janeiro, mas já estou a planear ver alguns filmes apontados como prováveis nomeados, tendo em conta outras nomeações já conhecidas e as opiniões dos críticos de cinema. Manchester by the Sea é um deles e estreou em Portugal esta quinta-feira (5 de Janeiro).
É um filme com uma carga dramática muito forte, que explora de uma forma soberba os contornos sombrios da dor associada à perda, mas sem deixar de ser real. A prova disso são os variados momentos hilariantes. Apesar de ter uma duração de 2h17, ficamos tão colados a esta história, sobretudo a Lee Chandler (magnificamente interpretado por Casey Afflect) que mal damos pelo tempo passar. Não há momentos mortos nem dispensáveis, pelo contrário, ficamos, no final, com o sentimento de que poderia haver ainda mais para contar. Não o consideraria uma obra prima, como já li diversas vezes, mas é um filme realmente bom tendo em conta o panorama da indústria cinematográfica contemporânea (americana, sobretudo) onde fazem falta mais filmes deste género. Não chorei, mas acredito que a maioria das pessoas irá chorar. Bastante.
Pontuação: 8/10
Há uma certa obrigação social em definir metas para o ano novo que está mesmo, mesmo à nossa porta, aliás, por esta altura, já falta pouco para ser 2017 no outro lado do mundo e eu ainda estou aqui meia indecisa nas minhas escolhas. Ora bem, para além da parte cultural, preciso dedicar-me seriamente à minha alimentação e, consequentemente, à minha saúde. Exercício físico já pratico com regularidade, mas no que toca à alimentação estou muito aquém do que é considerado saudável. Preciso dedicar-me seriamente a isto em 2017, procurar novas receitas, ir a mercados e supermercados ditos saudáveis, comprar mais produtos biológicos, comer mais alimentos de verdade e comer menos carne. O meu objectivo principal para o próximo ano é, sem dúvida, comer melhor.
Fazendo jus à expressão: mente sã em corpo são, a parte intelectual não pode ficar esquecida no ano que se avizinha, pelo que tenho de obrigar-me, forçosamente, a ser mais organizada. Planear os meus dias, as minhas semanas, os fins-de-semana e os meses. O que por vezes me parece uma chatice dos diabos (planear), irá, decerto, fazer-me poupar tempo precioso que pode ser dedicado a actividades maravilhosas como ler, ver filmes e séries. Preciso de passar menos tempo nas redes sociais e gerir melhor o meu tempo durante a semana e, sobretudo, ao fim-de-semana. É frequente sentir-me muito deprimida com a velocidade com que as horas passam e com a minha incapacidade para torná-las produtivas. Qualquer coisa que esteja a fazer parece que está a roubar tempo a outra mais importante e torna-se complicado desfrutar daquilo que estou a fazer se estou constantemente a lamentar-me. Mais do que ler mais e melhor, ver mais filmes e séries, preciso de me focar no que quero realmente fazer e aproveitar cada momento para fazê-lo, chega de prevaricar! Planear e cumprir são as palavras de ordem para 2017.
Por fim, resta-me desejar que ao longo de 2017 possa sempre partilhar convosco algo de útil, através do Gira-Livros. Quero muito continuar por cá e dedicar-me ao blog. Que 2017 seja maravilhoso para todos os que chegaram até ao fim deste post e todas essas coisas clichés que se costumam desejar e para as quais não tenho o mínimo talento.