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Há uma certa obrigação social em definir metas para o ano novo que está mesmo, mesmo à nossa porta, aliás, por esta altura, já falta pouco para ser 2017 no outro lado do mundo e eu ainda estou aqui meia indecisa nas minhas escolhas. Ora bem, para além da parte cultural, preciso dedicar-me seriamente à minha alimentação e, consequentemente, à minha saúde. Exercício físico já pratico com regularidade, mas no que toca à alimentação estou muito aquém do que é considerado saudável. Preciso dedicar-me seriamente a isto em 2017, procurar novas receitas, ir a mercados e supermercados ditos saudáveis, comprar mais produtos biológicos, comer mais alimentos de verdade e comer menos carne. O meu objectivo principal para o próximo ano é, sem dúvida, comer melhor.
Fazendo jus à expressão: mente sã em corpo são, a parte intelectual não pode ficar esquecida no ano que se avizinha, pelo que tenho de obrigar-me, forçosamente, a ser mais organizada. Planear os meus dias, as minhas semanas, os fins-de-semana e os meses. O que por vezes me parece uma chatice dos diabos (planear), irá, decerto, fazer-me poupar tempo precioso que pode ser dedicado a actividades maravilhosas como ler, ver filmes e séries. Preciso de passar menos tempo nas redes sociais e gerir melhor o meu tempo durante a semana e, sobretudo, ao fim-de-semana. É frequente sentir-me muito deprimida com a velocidade com que as horas passam e com a minha incapacidade para torná-las produtivas. Qualquer coisa que esteja a fazer parece que está a roubar tempo a outra mais importante e torna-se complicado desfrutar daquilo que estou a fazer se estou constantemente a lamentar-me. Mais do que ler mais e melhor, ver mais filmes e séries, preciso de me focar no que quero realmente fazer e aproveitar cada momento para fazê-lo, chega de prevaricar! Planear e cumprir são as palavras de ordem para 2017.
Por fim, resta-me desejar que ao longo de 2017 possa sempre partilhar convosco algo de útil, através do Gira-Livros. Quero muito continuar por cá e dedicar-me ao blog. Que 2017 seja maravilhoso para todos os que chegaram até ao fim deste post e todas essas coisas clichés que se costumam desejar e para as quais não tenho o mínimo talento.
Título: Deixa Lá
Autor: Edward St. Aubyn
Editora: Sextante
A segunda e, infelizmente, última leitura (pensei que iria ter um período natalício mais descansado, mas foi exactamente o oposto) para a Maratona Literária Fusão foi Deixa Lá, de Edward St. Aubyn, para a categoria O Natal é das crianças. Um livro com uma criança/adolescente como protagonista. Curiosamente, a maior parte deste livro nem é dedicada a Patrick Melrose, de cinco anos.
Deixa Lá, a primeira parte deste quinteto sabe a pouco. Só ao fim de 70 páginas é que acontece algo que nos chama a atenção e serve de mote para continuar a lê-lo, terminando na página 134. Serve, sobretudo, para introduzir os personagens que, provavelmente, estarão presentes nesta série de 5 livros, mostrando-nos de forma irónica, mordaz e, por vezes, bastante subtil, as suas características e peculiaridades.
Os diálogos do penúltimo capítulo são muito bons e toda a descrição do que se passa ao longo de um jantar transporta-nos automaticamente para aquele espaço, fazendo-nos sentir embaraçados e desconfortáveis ao longo de 26 páginas magnificamente conduzidas. Ainda é cedo para perceber o potencial do quinteto de Edward St. Aubin, mas a parte final deixou-me interessada o suficiente para ler, pelo menos, Más Novas.
Pontuação: 3
Título: Mulherzinhas
Autor: Louisa May Alcott
Editora: Guerra e Paz
Após a leitura de Mulherzinhas, de Louisa May Alcott, senti um misto de sentimentos: fiquei com imensa pena de não o ter lido na minha juventude, já que tem várias mensagens importantes e que se adaptam a diversos tipos de personalidades, no entanto, senti que, apesar dos meus 26 anos, consegui captar a essência do livro e que este me tocou de uma forma especial, pois identifiquei-me bastante com a Jo (Josephine March), considerada um alter ego da autora.
Mulherzinhas acompanha a vida de quatro irmãs, ao longo de pouco mais de um ano, numa época conturbada das suas vidas, em que o pai partiu para a guerra. O desenvolvimento das suas personalidades e modos de ver a vida são notórios e torna-se impossível não ficarmos felizes pelas suas conquistas e aflitos com os seus problemas. Apesar de ser perfeitamente claro que o livro se destina a um público mais jovem, é inegável a qualidade da escrita de Louisa May Alcott e a importância deste livro neste tipo de público. O único ponto negativo que consigo assinalar neste livro é o final, que achei demasiado rápido. No entanto, ainda temos Boas Esposas para acompanhar as próximas aventuras da família March, em mais uma edição espectacular da Guerra e Paz, quem sabe para ler em Dezembro do próximo ano.
Pontuação: 4
Título: Macbeth
Autor: William Shakespeare
Editora: Relógio D'Água
A primeira leitura da Maratona Literária Fusão foi Macbeth, de William Shakespeare, para a categoria: O ano está a acabar. Aquele livro que andas a dizer desde o ano passado que precisas de ler urgentemente.
Gostava de só classificar Macbeth após ter lido as principais tragédias de Shakespeare: O Rei Lear, Otelo, Hamlet, Romeu e Julieta (releitura) e Ricardo III, no entanto, vou adiantar-me com quatro estrelas porque julgo que nenhuma destas obras será merecedora de menor classificação e porque acredito que pelo menos uma das tragédias me irá arrebatar mais do que Macbeth.
Macbeth peca, na minha opinião, por toda a acção ocorrer muito rapidamente, atirando-nos, num piscar de olhos, até ao final, demasiado breve. Contudo, não posso deixar de admirar a perícia de Shakespeare na construção de um magnífico conflito interior, na pessoa de Macbeth, inicialmente, íntegro, mas que se torna desmedidamente ambicioso devido a uma profecia que o arrasta até à loucura, impelido não só devido a esta, mas sobretudo pela influência de Lady Macbeth, numa sequência de actos violentos conduzidos pela ganância de ser Rei e pelo desespero de manter este título, não olhando a meios para atingir os fins.
Escrito entre 1605-06, permanece tremendamente actual, na medida em que a humanidade continua a viver numa sequência de actos desmedidos, ambiciosos e de uma ganância abissal que, na maioria das vezes, senão sempre, termina de forma trágica. Recomendo vivamente.
Pontuação: 4
O passatempo onde vou sortear estes três livros, um CD triplo de David Bowie e quatro marcadores de livros termina hoje às 20h. Ainda vão a tempo. Mais informações, aqui.
Quando foi publicada esta edição pela Guerra e Paz senti imediatamente que precisava de ter este livro. Não o li em adolescente, mas pareceu-me que ainda não era tarde de mais para o fazer, até porque este livro está incluído no projecto 1001 Livros para Ler Antes de Morrer. Até agora está a ser uma leitura muito agradável e parece que se criou um clima perfeito entre este livro, Gilmore Girls, o tempo de Dezembro, convidativo a mantas, sofá e bebidas quentes, e a chegada do Natal. Não podia ter escolhido melhor altura.
Julgo que o livro dispensa apresentações, mas aqui vai: quatro irmãs e a mãe passam por tempos complicados devido à partida do pai para a guerra e ao aparecimento de dificuldades económicas. Estou a gostar particularmente da relação entre as irmãs, cada uma com as suas características muito próprias, mas que se adoram e entreajudam de forma espantosa, mostrando uma união muito forte e estou certa de que esta se tornará ainda mais evidente com o avançar do livro.
Westworld é provavelmente uma das séries mais faladas nos últimos tempos. Só este fim-de-semana terminei de ver esta primeira temporada, composta por 10 episódios, e devo confessar que fiquei completamente rendida. Adorei a temática, o enredo, as reviravoltas, os actores e a banda sonora. Episódio após episódio, o sucesso de audiências manteve-se, pelo que se pode considerar esta aposta da HBO muito certeira, já que é preciso preparar terreno para o final de Game of Thrones. Não há comparação entre ambas, mas posso adiantar que são as duas magníficas. Contudo, ainda é cedo para afirmar com certezas o sucesso de Westworld. Estou bastante curiosa com o que poderá sair da segunda temporada que, felizmente, já foi confirmada, a má notícia é que esta só irá para o ar, provavelmente, em 2018.
A série é inspirada num filme de 1973 com o mesmo título, escrito por Michael Crichton, sobre um parque temático futurístico populado por seres artificiais. Deixo uma nota especial para as prestações espantosas de Evan Rachel Wood, Jeffrey Wright, Thandie Newton e Anthony Hopkins e para a banda sonora instrumental (podem ouvir no Spotify - é o que tenho ouvido nos últimos dias consecutivamente) que inclui temas de Radiohead, The Rolling Stones, Soundgarden e The Cure.
Westworld é uma série que nos faz pensar e em que é preciso estar atento aos pormenores. Adorava vê-la novamente em 2017 porque tenho a certeza que muitos detalhes me escaparam. É impossível não pensar em mil e uma teorias para o que irá acontecer a seguir e para explicar alguns acontecimentos, bem como não ficarmos com questões (éticas, morais, etc.) a pulular na nossa mente, tão pertinentes nos nossos dias, em que a robótica ainda não domina completamente o nosso mundo, mas tudo indica que estamos a prosseguir nesse sentido.
Se estão à procura de uma série de ficção científica rica em conteúdo, que vos faça pensar e questionar, com referências literárias a Shakespeare e a Alice no País das Maravilhas de Lewis Carrol (por exemplo), com excelentes actores e banda sonora soberba, é a Westworld que devem dedicar o vosso tempo, vão ser agradavelmente surpreendidos, aposto.
Título: A Letra Encarnada
Autor: Nathaniel Hawthorne
Editora: Assírio & Alvim
A Letra Encarnada foi uma excelente surpresa de final de ano. Não é um livro fácil, é necessária alguma persistência e paciência para reler algumas partes, de modo a que seja possível extrair um sentido para o que Hawthorne nos pretende transmitir através de um magnífico retrato da sociedade americana do século XVII, tendo este sido publicado em 1850.
Hawthorne é mestre na construção dos personagens e na forma como revela a dimensão humana neles contida. Apesar de ter como tema central o Adultério e tudo o que lhe estava associado naquela época, este livro representa muito mais do que isso. É um livro sobre a vergonha, a culpa e a vingança e, por fim, sobre o alívio que a confissão nos traz. É fascinante a forma como Hawthorne nos descreve os sentimentos dos personagens, o seu sofrimento, angústia e libertação, que, apesar de tão distantes no contexto em que estão incluídos nesta obra, continuam a ser actuais e estarão para sempre inerentes ao ser humano.
Onde quer que haja um coração e uma inteligência, as doenças do corpo ressentem-se das particularidades deles.
A Letra Encarnada contém um esplêndido elogio à mulher, representada por Esther, condenada a usar a letra A ao peito que, mais do que um pedaço de tecido pregado à sua roupa, era algo que lhe estava gravado na pele, uma marca que a distinguia da restante sociedade, que a excluía, mas que, nem por isso, fez com que Esther fosse uma mulher fraca e se vergasse perante a sociedade. Esther é de facto uma heroína da literatura e, por essa razão, este livro merece ser lido por todos.
Pontuação: 4
The Sunflowers, The Intergalactic Guide To Find The Red Cowboy